quarta-feira, 30 de março de 2011

E......



Quando não tinha nada eu quis
Quando tudo era ausência esperei
Quando tive frio tremi
Quando tive coragem liguei

Quando chegou carta abri
Quando ouvi Prince dancei
Quando o olho brilhou, entendi
Quando criei asas, voei


(Trecho "Á primeira vista", música Daniela Mercury) 


Experimente vir......



Ou chegar com indelicadeza,
Mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo habito de revidar…
Toque muito em mim
Principalmente nos cabelos
E minta sobre a nocauteante beleza.
tenha vida própria,
Me faça sentir saudades,
Conte algumas coisas que me fazem rir…
Viaje antes de me conhecer,
Sofra antes de mim para reconhecer-me…
Acredite nas verdades que digo
E também nas mentiras, elas serão raras
e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro,
Me deixe sozinha,
Só volte quando eu chamar e,
Não me obedeça sempre
que eu também gosto de ser contrariada
Então fique comigo quando eu chorar, combinado?
Me conte seus segredos…
Me faça massagem nas costas
Não fume,
Beba,
Chore,
eleja algumas contravenções.
Me rapte!
se nada disso funcionar…
Experimente me amar!
Martha Medeiros

A quem se machuca



Inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra. Só que de costas.
Há duas situações inimigas dentro do amor. Pertinho e uma de costas para a outra. Ambas ameaçam dar certo e não dar certo.
Quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo,cheia de prisões e tentáculos, como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que  poderia ter funcionado.
Ambas as situações convivem em quem ama. Porque “viver bem” não é dar certo. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do desacerto.
“Viver mal” não é necessariamente dar errado. Dar errado é não poder prosseguir.
Composto também de partes inimigas, o amor se enriquece dos cansaços incapazes da destruição. Só vive do imperfeito de cada confronto. Só é, quando vive ameaçado de deixar de ser. Caso contrário, não seria; simplemente deixaria de ser.
Os inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra, mas de costas,porque, se  se virarem, encontrar-se-ão. E é isso o que temem. São mais unidos, talvez, que amigos, um de frente para o outro, mas a metros ou quilômetros de distância, e só por isso se entendem.
O  medo de amar é o medo de estar perto demais (ainda que de costas), o que de certa forma escraviza. O engano de amor é estar longe, mas de frente, o que de certa forma atenua.
A coragem de amar equivale à coragem de ser: é fazer dois inimigos, de costas um para o outro, virarem-se de frente para sentir o perfume, o
olho, o medo, a força, a ternura, muita raiva e muito carinho e aceitartudo, por isso amar.
A falsidade do amor é permanecer de frente como amigos: pura e simplesmente se aceitando. Sem contradita. Sem a oposição capaz de ser vencida pela permanência do sentimento, a despeito do eu de cada um.
O medo de quem ama é o medo da relação profunda, porque nela está a entrega que não rompe, apesar das  tragédias da superfície. E a superfície só faz a tragédia, para impedir que o eu contemple de  frente a relação profunda. Esta contém o que não se destrói, apesar das diferenças.
Na relação profunda está o desamparo e a necessidade tão pura que nunca pôde vir à tona. Na relação superficial está a fantasia, o eu idealizado, a armadura enfeitada de cada um.
Quem se relacionar ao nível da armadura será  feliz no começo, na fase hipnótica do amor. Quem preferir o nível profundo de relacionamento talvez seja até infeliz. Mas amará. A infelicidade  pode  fazer virar as costas para o inimigo, separar-se dele. Mesmo assim não será maior que o amor advinhado e sentido, se a relação é profunda.
Não te vires de frente para o inimigo! Podes amá-lo. Ele vai advinhar, e tu também, o amor está na peleja de quem ama. Não fiques tão de frente, mas tão longe de quem gostas. No que chegares perto, talvez detestes e sejas detestado.
Amar é estar de costas. Gostar é estar de frente. Um ultrapassa a inimizade que vive junta. Outro vive a amizade fácil, mas que se se aproximar pode não ser amor. Por isso era tão fácil sentir!
Amar é apesar. É através. É a despeito, mas é com. Amar, às vezes, é contra, mas perto e fundo. Mesmo de  costas. É malgrado. É com ferida e cicatriz, mas íntegro, verdadeiro e leal.
Amar fundo é  ter medo de virar de  frente. Porque  aí pode  surgir, cristalina, a possibilidade de dar certo. É a entrega. Que é, no fundo,o que mais teme quem ama.
Artur da Távola

terça-feira, 29 de março de 2011

COMPLICADA E PERFEITINHA..



"Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
No secreto calendário
Que um astrólogo arbitrário
Inventou para meu uso.

E roda a melancolia
Seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
Não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
O outro desapareceu... "


Cecilia Meireles

Amor Feinho


Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.

Adélia Prado

CUIDEMOS DA VIDA

                                                                          Autor: Bruno Baldissara Moreira




Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade

Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento

Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração.
Canteiros-Fagner

LAVANDO A ALMA


" Cuida-te quando fizeres chorar uma mulher,
pois Deus conta as suas lágrimas.
A mulher foi feita da costela do homem,
não dos pés para ser pisada,
nem da cabeça para ser superior,
mas sim do lado para ser igual,
debaixo do braço para ser protegida
e do lado do coração para ser amada."



Taimud - livro dos Rabinos





SONHANDO ACORDADA....

Sinto falta de você...
Do seu beijo
Do seu chamego
Do seu cheiro

Do seu toque
Do seu beijo...

Sinto falta de você...
Do seu cantar
Do seu falar
Do seu andar
Sinto falta de você...

Então vem ...
Mata essa saudade
Mata esse desejo
Essa falta que sinto de você...
(Solbarreto)